Na morte de Jacques Delors, um europeísta que merece o nosso respeito
Alguns dias depois da União Europeia ter aprovado uma alteração das regras orçamentais que, em nossa opinião, tanto prejudicaram o desenvolvimento económico e social, faleceu Jacques Delors. Uma e outra notícia foram objecto de muito escasso interesse pela comunicação social e pela generalidade dos cidadãos portugueses.
Uma e outra notícia merecem um destaque muito diferente.
A morte de Jacques Delors, num momento em que se multiplicam os conflitos no interior da União Europeia e se apagaram os valores nobres que levaram à integração europeia, é um sinal de uma Europa que se apaga e desintegra e que, apesar de todos os pouco sinais positivos poderá caminhar no sentido da sua desintegração.
Muitas vezes discordamos das posições de Delors, mas há que lhe reconhecer um papel central na construção europeia e na criação do mercado interno.
A devoção de Delors à ideia da Europa unida que via como único caminho para o avanço económico e social do continente comporta conflitos internos e é duvidoso que tenha tido a importância para a união social que aparentemente o católico e socialista Delors desejaria. É, no entanto, provável a abertura de novos caminhos, desde que se chegue a um consenso político e social e se retome uma via de decisão e não de conflitos e de ausência de União.
Na hora da sua morte Jacques Delors merece que nos curvemos perante a sua memória e saibamos reconhecer a lição de um político de grande dimensão que procurou determinadamente fazer vingar os seus ideais.
As novas regras europeias
Depois de uma longa disputa, a Comissão Europeia aprovou os princípios políticos das futuras regras da UEM.
O avanço registado na videoconferência do Ecofin representa um grande passo em frente. O acordo político sobre a revisão da governação económica foi alcançado após muitas semanas de intensas negociações”, reagiu o vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta financeira, Valdis Dombrovskis.
“A nossa tarefa imediata consiste em finalizar o mais rapidamente possível o futuro quadro de política orçamental da UE, a fim de proporcionar clareza e previsibilidade para os próximos anos, e não há tempo a perder se quisermos que as novas regras orçamentais da UE entrem em vigor antes das eleições europeias do próximo ano”, apelou o responsável.
Os ministros das Finanças da UE chegaram e a acordo político, após vários meses de discussões, sobre a reforma das regras orçamentais, com tetos para défice e dívida, que serão retomadas em 2024 de forma mais “equilibrada e realista”.